Um velho e sábio galo, percebendo a aproximação de uma raposa, empoleirou-se numa árvore. A raposa, desapontada, murmurou consigo: “Deixe estar, seu malandro, que já te curo!...” Em voz alta:
- Amigo, venho contar uma grande novidade: assim como no mundo dos homens, os bichos inverteram também seus valores! Agora o cordeiro persegue o lobo, o pinto come o gavião, o veado caça a onça e, imagine você, que o capim tenta devorar o gado.
- Bem percebi – responde o galo, pensativo – que os homens andavam as avessas. Vi o filho do fazendeiro dando ordens aos pais. Vi homens querendo ser mulheres e vice-versa, e agora, mais essa! Não é que a moda pega?
- Pois bem! – retruca a raposa com um sorriso quase obsceno – não vai descer daí, a fim de vingar os anos de perturbação que te causei?
- Melhor não – diz o galo olhando o horizonte cor de pêssego – vai que encontro uma minhoca faminta.
Moral: Contra esperteza, esperteza e meia.
Adaptado de “O galo que logrou a raposa” de Monteiro Lobato
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